RESUMEN GRUPO DE TRBAJO 6

GT6. PRATICAS DE MANAGEMENT CORPORAL E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NA CULTURA DE CONSUMO CONTEMPORÂNEA

Coordinadores:

Ana Lúcia de Castro – Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho. UNESP/Araraquara, Brasil.

María Inés Landa – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y tecnicas(CONICET) y Universidad Nacional de Córdoba, Argentina.

Lionel Brossi, Instituto de la Comunicación e Imagen Universidad de Chile.

 

SESSÃO I – SAÚDE  E PRÁTICAS DE MANAGEMENT CORPORAL

 

CORPO, CONSUMO E ACADEMIAS DE GINÁSTICA: ANÁLISE DA IMPOSIÇÃO MÍDIATICA ENTRE OS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

 

Mirela Valério Lopes

Mestre em Ciências Sociais -PUC- SP

miscoaisuel@yahoo.com.br

 

O presente trabalho visa discutir o culto ao corpo na sociedade atual, principalmente a sociedade brasileira na qual o consumo relacionado ao corpo tem aumentando em vista a busca da boa forma e da saúde. Tal comportamento em relação a manutenção corporal visando a estética e a saúde tem como seu locus a academia de ginástica em que podemos perceber um certo exagero quanto essa empreitada, incentivado cada vez mais pela mídia em especial as redes sociais, em que há ampla divulgação de dicas para a obtenção do “corpo sarado”., tornando-se para muitos uma imposição, que pode leva-los ao uso de drogas como os esteroides anabolizantes, uma série de exercícios que pode levar a lesões, bem como distúrbios dismórficos e alimentares, como a vigorexia e a ortorexia.

Palavras  chave: Culto ao corpo, consumo, vigorexia, ortorexia

 

 

PROFISSIONAIS TARJA PRETA: CONSUMO DE MEDICAMENTOS E BUSCA PELA ALTA PERFORMANCE

 

Marianna Ferreira Jorge. Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense; mariannaferreirajorge@gmail.com

 

Numa época que estimula o empreendedorismo e o gerenciamento de si, de acordo com a lógica empresarial, bem como o “culto ao corpo” e a medicalização da vida sob uma permanente gestão dos riscos, cabe-nos atentar para os discursos midiáticos que produzem e disseminam um conjunto de valores morais com vigência na atualidade. A hipótese e a de que abundam na atual produção midiática as alusões ao “culto à performance”, com a decorrente vergonha pela responsabilidade que implica não atingir os parâmetros usualmente demandados, além da estigmatização ou “exclusão” daqueles que não conseguem alcançá-los. Portanto, se por um lado essa incitação ao aumento da performance pode resultar numa busca incessante pela extensão dos próprios limites, por outro lado, costuma derivar numa patologização dos esforços malsucedidos. Em ambos os casos, sugere-se uma possível resolução desses conflitos: o recurso à medicalização. Diante disso, o objetivo deste estudo é examinar que tipos de profissionais estão sendo requeridos hoje e quais são as implicações dessas demandas nos corpos e nas subjetividades contemporâneos. Para isso, faz-se fundamental analisar os aspectos socioculturais, econômicos e políticos que conformam tais configurações históricas, em busca de compreender como nelas operam as relações de poder hoje vigentes. A finalidade é a de “desnaturalizar” certas concepções atuais a partir do método genealógico, desenvolvido por Michel Foucault, analisando os valores e as ideias cristalizados no senso comum ou que estão se tornando hegemônicos, na tentativa de enxergar as práticas e os vetores históricos que os constituem.

Palavras-chave: espírito empresarial; consumo de medicamentos; performance; subjetividade contemporânea.

 

 

ENTRE “GORDURA BOA” E “GORDURA RUIM”: CORPO, SUBJETIVIDADE E AS FRONTEIRAS ENTRE SAÚDE, MORAL E ESTÉTICA EM DISCURSOS MÉDICOS-CIENTÍFICOS DE GRANDE CIRCULAÇÃO

 

Juliana Loureiro. Graduada em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Mestre em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil; jloureiro23@gmail.com.

 

A contemporaneidade é atravessada por um crescente processo de capitalização do corpo, relacionado à ascensão de modelos específicos de corporalidade e ao desenvolvimento científico-tecnológico, que possibilitou novas modos de visualização e intervenção nos corpos. Nesse processo, os variados modos de os indivíduos investirem em seus corpos são diferentemente valorados, de acordo com normas e expectativas disponíveis no contexto sociomaterial em que estão imersos. Diante desse quadro, os corpos gordos parecem entrar em conflito com a constante reafirmação de noções como responsabilidade, controle e cuidado de si. Este trabalho objetiva produzir uma reflexão sobre esses processos a partir de um estudo de inspiração etnográfica que analisou discursos médicos-científicos voltados para o público leigo, através da trajetória do endocrinologista Alfredo Halpern, considerado um “expert” em obesidade e emagrecimento no Brasil. Através desse estudo, chegou-se à conclusão de que, diferentemente do que comumente é afirmado, os discursos médicos-científicos sobre obesidade e emagrecimento estão longe de serem estáveis e desprovidos de controvérsias. Através de estudos epidemiológicos que refutam a chamada “epidemia da obesidade” e o suposto maior índice de mortalidade entre os obesos, há um reconhecimento da existência de “tipos” diferentes de gordura corporal e de “obesos saudáveis” ou “em forma”, o que parece contrastar com a reafirmação da obesidade como doença. A partir disso, discute-se como, apesar dessas controvérsias, há uma busca por estabilizar e reiterar a gordura como algo ruim, excessivo e patológico, e que tipo de consequências éticas e políticas vêm sendo geradas nesse processo, através da mobilização de noções e práticas específicas sobre corpo, saúde e subjetividade.

Palavras-chave: Corpo; saúde; subjetividade; gordura; obesidade.

 

 

CORPO, GENÉTICA E IDENTIDADE: NOTAS PARA PENSAR A RACIALIZAÇÃO DA SAÚDE NA CONTEMPORANEIDADE

Tatiane Muniz

 

Evidencia-se a partir do Projeto Genoma e das possibilidades de escrutínio do corpo, daí decorrentes, um conjunto de esforços de pesquisa no campo médico, com vistas a provar a determinação racial de certas doenças. Estudos epidemiológicos apontam para a prevalência de certos problemas de saúde em determinados grupos populacionais, racialmente classificados, tendo em vista a situação de vulnerabilidade sócio-econômica à qual este grupo populacional está, historicamente, submetido. Entretanto, na medida em que se buscam, em âmbito molecular, elementos para a afirmação de diferenças biológicas que os colocariam em situação de propensão ao desenvolvimento e agravo de certas patologias, um discurso essencializante acerca da raça pode emergir, levando a conclusões e construções sociais equivocadas sobre esta categoria. Entretanto, persiste o uso de nomenclaturas raciais para a classificação de doenças, corroborando para um discurso diferencialista, do ponto de vista biológico, que remete ao discurso evolucionista do século XIX, amparado, agora, pela biotecnologia. Neste cenário, reacende-se o debate entre os mais distintos campos do conhecimento, no sentido de afirmar e negar a existência da raça enquanto uma realidade empírica e sobre a importância e riscos de sua utilização, seja no âmbito das ciências da vida ou no cotidiano das relações sociais. Em um contexto marcado pelo multiculturalismo, no qual os sujeitos são chamados a afirmar suas identidades, em mobilizações coletivas, a problematização de tais questões aparece como um imperativo irrefutável, tendo em vista que “raça” tem sido, historicamente, no Brasil, uma categoria estruturante das relações sociais, recorrentemente, acionada para definições identitárias, como parâmetro de participação democrática e plural, bem como para a elaboração de políticas públicas. O presente trabalho consiste na discussão da forma com as categorias raça e saúde tem sido relacionadas no contexto brasileiro, demonstrando as diversas disputas políticas e ideológicas e econômicas em torno da sua utilização, desde o século XIX, momento em que começa a se esboçar um campo de Antropologia no país, cuja agenda estava centrada nas relações raciais, até o recente debate acerca da raça, ensejado pelo novo paradigma da genética, quando ocorrem novos processos de subjetivação relacionado as identidades.

 

 

SESSÃO II – CORPO, IDENTIDADE E MEMÓRIA NOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO

 

Corpo e memória na contemporaneidade: reflexões sobre paradoxos rememorativos

Renée Louise Gisele da Silva Maia

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Doutoranda em Memória Social (PPGMS)

reneemaia@gmail.com

Marcado por condições como individualismo, consumismo e rivalidade, o cenário contemporâneo representado pelas sociedades ocidentais capitalistas evidenciaria uma condição paradoxal quanto o assunto é a relação entre corpo e memória. Por um lado, considerado a partir de perspectivas bergsonianas, o corpo simbolizaria um centro de indeterminação que estaria tendo comprimidas tanto suas possibilidades de espera, quanto de memória e criação. Por outro, uma atual obsessão pela memória estaria promovendo a produção e o consumo de passados e de perfis-padrão através de uma mercadorização de processos de subjetivação. Objetivando contribuir para uma melhor compreensão desta relação paradoxal, este trabalho foi dividido em dois momentos de desenvolvimento. No primeiro, procurou cunhar o termo de compressão da hesitação apoiando-se em perspectivas filosóficas e psicanalíticas, e apresentando também seus possíveis desdobramentos na contemporaneidade. No segundo, dedicou-se à abordagem da cultura de memória descrita por Andreas Huyssen.  Enfocou como a aceleração do tempo e a compressão do presente estariam promovendo problemáticos mecanismos de mercadorização da vida subjetiva, estes responsáveis, por sua vez, pela disseminação de um mal estar generalizado. Por fim, concluiu suas exposições com a proposição de que precisaríamos buscar a promoção de estratégias de rememoração – e subjetivação – criativa, direcionando-nos para um caminho de ampliação de potenciais de espera, escolha e indeterminação.

Palavras-chave: memória; corpo; aceleração; tempo; criação.

 

 

O QUE SUA TATUAGEM DIZ SOBRE VOCÊ?

Beatriz Patriota Pereira. Mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. Orientador: Prof. Dr. Jorge Leite Júnior; bia.patriota@hotmail.com

 

A tatuagem foi a primeira prática de body modification a ser incorporada pela cultura do consumo. A marca corporal também ganhou espaço no mundo da moda e da arte, através de sua crescente popularização e de sua legitimação. Enquanto modificação corporal, permite que o corpo seja administrado na construção de uma identidade escolhida ou desejada. O corpo é moldado e planejado dentro de um projeto corporal. Assim, o sujeito, a partir dos significados criados e atribuídos aos desenhos, apodera-se da tatuagem como um dos mecanismos que atuam na criação de uma imagem de si, entre identificações e diferenças. É por meio da condição corporal que o sujeito afirma sua identidade e a exterioriza. Objetivo compreender como as tatuagens são significadas subjetivamente e como essas subjetivações contribuem na construção das identidades para os tatuados. A metodologia é baseada em pesquisas bibliográfica e etnográfica em estúdios de São Carlos/SP.

Palavras-chave: Tatuagem. Modificação Corporal. Corpo. Consumo.

 

 

 

EL FENÓMENO DEL TATUAJE EN LA CIUDAD DE SAN LUIS POTOSÍ (fenómeno del tatuaje, observación y análisis, proceso, estudios, tatuadores y tatuados)

Edgar Israel Martínez Luna. Universidad Autónoma de San Luis Potosí; uakbatzben@hotmail.com

 

El objeto de estudio que fungió como base para la formulación de esta investigación es el fenómeno del tatuaje en la ciudad de San Luis Potosí, que por sus condiciones y configuración posibilita la observación y análisis del proceso a través del cual fue adquiriendo una presencia significativa en los habitantes de la ciudad.

Se busca identificar las condiciones materiales que permitieron su formación, así como rastrear los orígenes de esta práctica en la ciudad ¿Dónde estuvieron los primeros estudios? ¿Quiénes fueron los primeros tatuadores? ¿Prevalecen? Además observar los mecanismos que generaron el crecimiento del fenómeno, hasta llegar a sus condiciones actuales.

La intención de este texto es exponer la manera como se ha legitimado y popularizado dicha práctica tomando como punto de partida el año de 1995 hasta el presente, como se fue generando la regulación del fenómeno del tatuaje, es decir, su proceso de profesionalización así como las distintas manifestaciones que emergen en la praxis del fenómeno.

Para llevar a cabo lo anterior se dividió metodológicamente nuestro objeto de estudio en dos grandes elementos componentes para su observación y análisis, en función de los sujetos que componen nuestro universo, pues, por un lado tendremos a los tatuadores para abordar la forma en que se van generando los mecanismos que permiten la instalación de estudios de tatuaje en la ciudad generando con esto la posibilidad de tatuarse y por otro lado tendremos a los tatuados para observar las imágenes que se están tatuando los habitantes de la ciudad.

 

 

ENTRE PRÁCTICAS: ESPACIOS PARA LA EDUCACIÓN DEL CUERPO

 

Mg. Carolina EscuderoCICES – UNLP/CONICET carolinaescu@yahoo.com.ar

            Mg. Daniela Yutzis CICES - UNLP/CONICET danielayutzis@gmail.com

 

Este trabajo organiza un conjunto de reflexiones que se generan a  partir de las clases de Danza y Sensopercepción que se dictan desde la cátedra de  Educación Física 5. El interés central está puesto en ese nuevo territorio que se construye a partir del encuentro de estas prácticas con la Educación Física, cada una con su recorrido histórico-político, sus saberes y sus técnicas. La pregunta es entonces qué saber es posible ofrecer, qué implicancias tiene para la Educación Física nuestra propuesta y qué espacio se discrimina entre ambos territorios para pensar la educación del cuerpo y la formación de profesores.

Palabras clave: Cuerpo-educación-entre-acción-prácticas

 

 

 

CUERPO Y MOVIMIENTO: ANÁLISIS DE RELATOS BIOGRÁFICOS DE JÓVENES QUE REALIZAN ACTIVIDADES ARTÍSTICAS Y DEPORTIVAS EN BARRIOS POPULARES DE LA CIUDAD DE BUENOS AIRES

Mg. Silvia Alejandra Tapia. Doctoranda en Ciencias Sociales. Instituto de Investigaciones Gino Germani, Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires; silviaatap@yahoo.com.ar

En este trabajo presento avances de mi tesis doctoral en Ciencias Sociales, cuyo objetivo general es analizar la configuración de los procesos de individuación en jóvenes de sectores populares que desarrollan actividades artísticas y/o deportivas en la Ciudad Autónoma de Buenos Aires. Para la construcción de datos empíricos se realizó observación-participación en talleres de circo, hip-hop y tango ofrecidos por una organización social ubicada en la zona sur de la Ciudad, orientados en particular a jóvenes de sectores populares. Con un grupo de estos jóvenes (mujeres y varones entre 18 y 24 años) se construyeron sus relatos biográficos a partir de la identificación de los acontecimientos más significativos en sus vidas. Para su procesamiento y análisis se siguieron los lineamientos de la teoría fundamentada, utilizando como auxiliar el software Atlas.ti.

Del análisis de los emergentes en dichos relatos se plantean interrogantes acerca del modo en que estos jóvenes se ven interpelados a desplegar diversas estrategias para circular por diferentes espacios de sociabilidad y ser aceptados por otros: sus familias, sus compañeros de estudios o de actividades artísticas y deportivas, sus empleadores. En ese sentido, se indaga el modo en que las regulaciones de sus cuerpos, sus movimientos y las formas de presentarse ante de los demás operan en la configuración de sus identidades. Para ello, se utilizará como articulador analítico las propuestas de la sociología de la individuación de Danilo Martuccelli.

Palabras clave: juventud – cuerpo – movimiento – procesos de individuación

 

Sessão III – CORPO, GESTÃO E CAPITAL

 

CORPOS ESGOTADOS E A DESACELERAÇÃO COMO UM PRODUTO

 

Daniele Pires de Castro. Doutoranda do curso de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro; danielepcastro@gmail.com

 

A experiência de progressão erigida no interior do modelo instrumental de mobilidade está constantemente ameaçada pelos limites de sua própria exacerbação. Indícios de exaustão, cansaço e esgotamento pairam sobre os corpos, ameaçando-os com o que seria a catástrofe de um modo de vida que não estabelece limites para seu próprio avanço: a paralisia. Nesse contexto de tensionamento entre uma mobilidade instrumental e progressiva levada ao extremo de sua intensidade e a possibilidade da exaustão, ganham destaque, nos modos de consumo, na mídia e na arte, perspectivas que se tensionam. De um lado, há demonstrações de esforço, à beira de um colapso, de empreendedores, atletas e artistas buscando a superação. De outro lado, no mesmo cenário de espetacularização e heroicização de histórias de indivíduos que vão ao “extremo”, começam a surgir demandas por desaceleração. Nesta comunicação, pretendo, através de exemplos do campo do consumo e da arte, investigar como experiências que se pretendem alternativas ao modelo predominante de mobilidade produzem suas críticas. No campo do consumo, meu objeto será o “movimento slow” e, na arte, as sleep-oriented performances. Através de um estudo que se debruça inicialmente sobre como é constituída a mobilidade em nossos dias, o foco é em identificar se os projetos de desaceleração são capazes de criar outra experiência de movimento ou se a mudança de ritmo não seria, apenas, a permanência da mesma lógica produtivista, sustentada por um fôlego acalmado e renovado.

Palavras-chave: desaceleração; mobilidade; movimento slow; produtividade; sleep-oriented performance.

 

 

A PRÁTICA DO COACHING NA TRAMA DO DIÁLOGO ENTRE A ANTROPOLOGIA DA EXPERIÊNCIA E A SOCIOLOGIA DO TRABALHO

 

Bruno Casalotti Camilo Teixeira. Mestrando em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); brunocasalotti@yahoo.com.br

Jorge Gonçalves de Oliveira Júnior. Mestrando em antropologia pela Universidade de São Paulo (USP); jorge.oliveira@usp.br

 

O coaching é uma ferramenta de capacitação empresarial que, desde a última década, vem ocupando cada vez mais espaço nos processos de treinamento de recursos humanos, substituindo outras técnicas e teorias de treinamento do tipo motivacional como a PNL (sigla para Programação Neuro-Linguística). Sua prática, grosso modo, envolve o diálogo entre o coach (treinador) e o coachee (treinando) para o estabelecimento de metas que podem envolver a melhoria da comunicação na equipe, o aumento de vendas, mas também estaria apta a tratar de “problemas pessoais” – alguns dos quais, com origem externa ao ambiente empresarial propriamente dito. Também envolve uma série de variações: o coach pode ser um consultor especializado de outra empresa ou pode ser até o patrão do coachee – o que implica em uma relação de confidencialidade e controle que podem facilmente ultrapassar limites éticos. Há também uma explosão de modalidades como coaching de vida, de casamento, espiritual, etc., provavelmente impulsionados pelo sucesso no campo empresarial. Este trabalho, escrito a quatro mãos e sob a ótica de duas disciplinas – a antropologia da experiência e a sociologia do trabalho – procurará entender os processos de subjetivação e as relações de poder implicadas no coaching, explorando os diálogos entre os dois pesquisadores e os pontos cegos de suas respectivas abordagens.

Palabras claves: coaching; gestão empresarial; experiência; trabalho; subjetivação

 

 

 

 

PROPOSIÇÕES DO CORPO ENQUANTO UM CAPITAL: REFLEXÕES SOBRE PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO CONTEMPORÂNEOS ENTRE INCITAÇÕES E INVESTIMENTOS

Mário Borba. Mestrando em Antropologia – UFF; borba.mp@gmail.com

 

Neste trabalho lanço questões sobre a articulação corpo, consumo e subjetividade, partindo de considerações da minha dissertação, onde abordei proposições nas formas de tratar o corpo no discurso publicitário; pensando sobre as tensões que sustentam algumas conjugações do corpo e do cuidado com ele no contemporâneo, nas veredas do consumo. Para tanto, à luz da perspectiva foucaultiana de pensar discurso e subjetividade, investigo a existência de alguns enunciados que articulam inteligibilidades sobre o corpo, situando-o, muitas vezes, como uma demanda entre o eu e o outro, entre ser e parecer. Assim exploro faces de um enunciado que identifico como recorrente: o corpo proposto enquanto um capital a ser investido. Na multiplicação desse enunciado localizo alguns discursos que povoam o contemporâneo oferecendo verdades e atualizando fronteiras sobre ele. Enfoco alguns operadores pelos quais se pode conceber investimentos em si, que acredito que constituem formas de ver (e pensar e tratar) o corpo atualmente (como um empreendimento) – formas que demarcam critérios de avaliação da situação do corpo e determinadas “moralidades” atuais. Entendo o discurso publicitário como um lócus privilegiado para reflexão sobre essas transformações, onde entendo também que o corpo consome e é consumido. Recupero essas considerações e lanço questões, com base na minha pesquisa atual, onde investigo a produção de investimentos sobre o corpo jovem em contextos de incitação e dívida, abordando-os em sua presença na escola, pensando como coadunam (ou não) imposições escolares com outras “externas” a elas, nas formas de conceber, produzir e valorizar o corpo jovem.

Palavras-chave: corpo, consumo, subjetividade, empreendedorismo, escola.

 

 

LA AUTORREGULACIÓN EN LA PRODUCCIÓN CREATIVA: EL CASO DE LOS EDITORES

Paula Miguel (FADU/IIGG-UBA)

Ezequiel Saferstein (CeDInCI-Becario CONICET); paula@sociales.uba.ar; kielo84@gmail.com

 

En las últimas décadas, el mundo de las llamadas industrias creativas ha sido testigo de profundas transformaciones. Algunos de sus espacios de producción se vieron repentinamente transformados por la incursión de agentes de nuevo tipo en el marco de dinámicas globales. ¿Cómo explicar esas transformaciones? ¿Cuál es el sentido y el alcance de esos cambios? Este trabajo se propone desarrollar una clave de lectura para avanzar en la respuesta de estas preguntas. Para ello, nos enfocaremos en el ámbito de la producción editorial, particularmente en los editores de conglomerados globales en Argentina. Sus trayectorias vitales y perfiles profesionales, la forma en que encaran la producción editorial, el marketing y la gestión editorial, entre otras cuestiones, contribuyen a dar cuenta de elementos comunes que han contribuido a la construcción de su lugar en el mundo y, por decirlo de alguna manera, a conformar su legitimidad y prestigio. Entre esos elementos comunes, se encuentra lo que analíticamente podemos pensar como la conformación de un ethos que excede la formación profesional y se entrecruza con diferentes experiencias en el desarrollo vital y concepciones de lo individual. Allí entran en tensión mecanismos opacos de “inspiración” o “intuición” creativa, compuesta por elementos residuales y novedosos, con la lógica empresarial que busca transparentar mecanismos de producción de un éxito de ventas. El trabajo se basa en los resultados de investigaciones en curso que, mediante un abordaje cualitativo, buscan analizar diferentes formas de producción, circulación y usos de bienes “creativos” entendiendo que en tales circuitos se encuentran implícitas particulares nociones de la subjetividad.

Palabras clave: industrias creativas - producción simbólica - campo editorial - marketing –subjetividad.

 

 

CAPITALISMO Y SUBJETIVIDAD FUTBOLÍSTICA. CUERPOS DISCIPLINADOS Y SACRIFICADOS

 

Débora Majul. Licenciada en psicología. UNC. Estudiante de Maestría en Intervención e Investigación Psicosocial. Facultad de Psicología. UNC; deboramajul@gmail.com

 

Ampliar la mirada de las ciencias sociales implica que podamos echar luz en campos poco explorados como es el caso del campo deportivo. Es también allí donde en la actualidad se conjugan prácticas, discursos, cuerpos, subjetividades, dispositivos, todos ellos ensamblados por el sistema capitalista. Hacer foco en un deporte como lo es el fútbol lleva a la pregunta por la producción y legitimación de las subjetividades ancladas en los dispositivos institucionales de los clubes que forman a jóvenes deportistas. Asimismo, es lícito interrogarnos sobre cómo se  reproduce la lógica capitalista en la producción de sujetos y cuerpos para el alto rendimiento, que por otro lado los precariza de modo tal que los trata como mercancía integrándolos de esta forma en la economía global. Es en este contexto que es posible encontrar polaridades como: 1- subjetividades del rendimiento configuradas a través del disciplinamiento de los cuerpos y, 2- subjetividades del sacrificio alineadas a la necesidad del sujeto de ser productivo con el objetivo de salvación; atravesadas ellas por discursos familiares, sociales y mediáticos que lejos de acompañar el proceso de subjetivación lo invisten desde la demanda, de éxito y rendimiento, y la idealización.

Palabras Clave: subjetividad – fútbol – capitalismo – sacrificio – cuerpo

 

 

SESSÃO IV – CORPO, GESTÃO, CAPITAL

 

EMPRENDEDORES/EMPRENDEDORAS: GENERIZANDO EL CUERPO Y EL SUJETO DEL BIENESTAR

María Inés Landa (CIECS-CONICET y UNC)

landa.mi@gmail.com

 

El estilo de vida que se presenta tras el significante del bienestar despliega un entramado de dispositivos terapéuticos, económicos y de espectacularización de las apariencias que funda sus prácticas y discursos en una racionalidad de tipo neoliberal. La subjetividad que configuran las prácticas de cuidado de sí y de la propia salud, porta los atributos del sujeto emprendedor y del cuerpo del liderazgo, cuyo aspecto es entre saludable y deportivo, demandado en los diversos escenarios de consumo y productivos del presente.

No obstante, estas figuraciones engendran propiedades distintivas para uno y otro sexo. La ponencia indaga en estas diferencias, a partir del análisis de una revista de la salud - Women’s Health y Men’s Health -, de circulación masiva, que posee la particularidad de ofrecer un producto en versión masculina y femenina.

El análisis arroja que ambas revistas reproducen el cuerpo straight de la heteronormatividad; en tanto que se le atribuye al varón un cuerpo musculoso, mientras que a la mujer se la identifica, con un cuerpo tonificado, armónico y delgado, más pequeño que su opuesto. 

De este modo, estas imágenes ritualizan ideales corporales que convencionalizan las convenciones circulantes en el imaginario social. Urge, por lo tanto, reflexionar en torno a los efectos que produce el discurso del bienestar, en tanto que alude a pseudo‐originales que, a pesar de su respectiva fragmentación, insisten con soluciones únicas, de pretensiones universalizantes/normalizantes y concebidas como esencialmente naturales.

Palabras claves: Discursos de la salud y del bienestar – revistas de la salud – estereotipos de género – subjetividad emprendedora – racionalidad neoliberal.

 

 

TENDENCIAS DE MEDIA MANAGEMENT AL INTERIOR DE LAS SALAS DE REDACCIÓN: EL CASO DE LOS DIARIOS Y CANALES DE TELEVISIÓN EN CHILE EN LA POSTDICTADURA

 

Claudia Lagos Lira. Profesora Asistente, Universidad de Chile (Chile) / Estudiante de doctorado, University of Illinois at Urbana-Champaign (USA); cllagos@uchile.cl / lagosli2@illinois.edu

 

Este artículo explora cuáles son las principales tendencias en el management al interior de las salas de redacción en el sistema de medios chileno. La hipótesis del artículo es que desde los ‘90s, el management se ha instalado sistemáticamente al interior de los medios, reemplazando el poder de decisión editorial. Este proceso ha estado íntimamente relacionado con los cambios experimentados por la sociedad chilena en su conjunto, donde el neoliberalismo se desplegó desde los ‘70s, aplicando las políticas promovidas por la Escuela de Chicago: privatización, desregulación, disminución del Estado (Harvey, 2007; Klein, 2007; McChesney, 1999).

Teóricamente, la propuesta se enmarca en la economía política de la comunicación y, metodológicamente, la ponencia asume una perspectiva exploratoria, cualitativa y descriptiva. Se analizaron algunos casos disponibles en la literatura en los cuales el management ha jugado un rol fundamental al interior de las redacciones (Ríos, 1996; Santibáñez y Luengo, 1993, Bofill, 1993). Asimismo, se consideraron los discursos de los presidentes de la Asociación Nacional de la Prensa (ANP) en su cena bianual y cómo fue cubierto por la prensa, desde 2003 hasta 2014 y se revisaron 15 números de la revista oficial de la ANP (desde el número 36 al 48, desde Octubre de 2008 hasta Diciembre de 2014), disponibles online. Finalmente, se revisaron los textos de las negociaciones colectivas de los canales de televisión abierta de cobertura nacional.

El artículo constata la relevancia del enfoque del capital humano, la centralidad del management, la colonización lingüística de conceptos propios de la economía, la idea del desarrollo de los medios desde una perspectiva comercial (“productos”, “innovación”, “proyectos”, “clientes”, “oportunidades”, “liderazgo”, entre otras).

Palabras clave: media management – comercialización de los medios – sistema de medios en Chile.

 

 

POLÍTICAS DE VIDA. RESISTENCIAS CORPORALES DE LOS CARREROS DE LA COOPERATIVA LA ESPERANZA A LA GESTIÓN NEOLIBERAL DE LA BASURA EN CÓRDOBA

Fidel Azarian Colectivo de investigación El llano en llamas (UNC/UCC); fidelazarian_iu@hotmail.com

 

La cooperativa de carreros y recicladores La Esperanza nace en la ciudad de Córdoba, Argentina, hacia fines del 2010 con múltiples y variados reclamos en el marco de una gestión neoliberal de la recolección y tratamiento de los residuos sólidos urbanos. La lucha que lleva adelante la cooperativa La Esperanza por más y mejores becas, por una gestión de la basura ecológicamente sustentable de la cual los carreros puedan formar parte, por un proyecto de educación popular para las familias carreras, por políticas públicas que favorezcan el cuidado y la salud de los caballos, etc.; el trasfondo de todas esas disputas es un conflicto vital. Desde la cooperativa, los carreros están generando nuevas formas de subjetividad: la lucha de La Esperanza es pura invención, es la actualización del potencial que tiene la revuelta para crear una ética de los cuerpos; porque todo cuerpo para sobrevivir necesita ser cuidado, ser querido y ser sostenido por medios materiales. Nuestro argumento es que en la lucha de los carreros se juega una nueva experiencia ética, estética y política, cuyo potencial emancipatorio se asienta en una asombrosa creatividad para proteger y expandir la vida.

Palabras clave: resistencias- gubernamentalidad neoliberal- políticas de vida- carreros- cooperativa La Esperanza.

 

 

SOY PROFESORA NO MÁS: CUERPO DE PROFESORAS DE ESCUELAS VULNERABLES

Patricia Guerrero Morales. Psicóloga. Master y Doctora en Sociología Universidad Denis Diderot-Sorbonne Cité.  Académica Titular Universidad Católica Silva Henríquez. Investigadora Asociada Proyecto Anillos Normalidad, Diferencia, Educación; ps.pguerrero@gmail.com, paguerre@ucsh.cl

 

La presente propuesta es fruto de una discusión que aparece en una investigación de tesis doctoral de 4 años en que se realiza un diseño que tiene una primera fase etnográfica y una segunda parte de intervención. En los 4 años la investigadora principal es madre y cambia la forma de vestirse de estudiante y juvenil  a ropa más formal  (de baja calidad y costo) que ha sido regalada por una colega para el periodo de gestación y de los primeros meses.

 El cambio corporal, el alza de peso y la maternidad,  cambia la relación de las profesoras frente a la investigadora. La directora del colegio celebra la formalidad que la investigadora adquiere con el embarazo. “Ahora sí parece una señora”. Cambia su condición de madre, pero también cambia su cuerpo. El cambio azaroso de vestimenta  integra a la investigadora al “universo de las profesoras” que la hacen parte en conversaciones acerca de bajo salario de los docentes, la poca posibilidad de hacer deporte por la carga laboral, la dificultad para soportar el frío y el estress de las escuelas públicas. Es que somos “Pobresoras” o” profesoras no más”,  “Es que esta profesión nos tiene tan re feas” son parte de las frases que escapan con risas de las conversaciones con cierta complicidad con la investigadora. La teoría de la injuria de Judith Butler aparece claramente con la idea de su bajo acceso al consumo y a la posibilidad de encarnar un cuerpo “bello” y “elegante”.  Sus cuerpos con sobrepeso según las “normas saludables”, vestidos con ropas que no les gustan, sus hábitos de alimentación, les recuerda que la falta de estima social y falta de reconocimiento de la labor docente. Les recuerdan también sus orígenes populares y la dificultad de acceso al consumo. Les recuerda sus bajos sueldos fruto de las políticas de empobrecimiento de los docentes de la dictadura. Las mujeres cuentan que, delgadas y finas, no se sienten capaces de poner límites a los adolescentes de las culturas populares. Ginette Francequin habla de la vestimenta como la segunda piel. Esa piel la cambiamos en la investigación y nos cambiaron también los “datos” y los “resultados”.

Palabras claves: Profesoras,  Management del cuerpo.

 

 

MUDANÇA DE ENDEREÇO E NOVOS PADRÕES DE CONSUMO DOMÉSTICO ENTRE MORADORES DE CLASSES POPULARES 

Shirley Alves Torquato. Doutora em Antropologia Universidade Federal Fluminense- UFF- Brasil; stshirleytorquato1@gmail.com

Esta pesquisa representa o esforço de traduzir e interpretar algumas situações observadas por mim durante trabalho de campo realizado em dois conjuntos de prédios construídos pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, no Morro do Preventório, localizado em Niterói, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. Procurei observar como uma política pública habitacional, concebida pelo governo federal, foi recebida por aqueles a quem se destinava e como este evento foi vivenciado em termos pragmáticos, lógicos e dramáticos. Minha análise tenta dar conta de "como" a moradia, mesmo não sendo inicialmente escolhida ou desejada, e sim imposta por um programa de governo, foi pouco a pouco sendo transformada na "casa toda arrumadinha", conforme uma expressão nativa igualmente presente e recorrente em todos os depoimentos. O consumo e a aquisição de bens, da mesma forma que a organização estética dos apartamentos, trouxe à prática de novos rituais domésticos e, ao contrário destes rituais representarem um fardo ou "obrigação", manter "a casa arrumadinha”, tornou-se o sinal de uma conquista importante para a grande maioria desses moradores.

 

POLÍTICAS SOCIALES EN EL MARCO DE LA “SOCIEDAD DE CONSUMO”: RELACIONES POSIBLES

 

Andrea Dettano (UBA-CONICET/CICLOP-CIES) Doctoranda en Ciencias Sociales; andreadettano@gmail.com

 

El presente trabajo parte de una reconstrucción/ recorte teórico sobre la denominada ¨Sociedad de Consumo¨ y las formas que adquiere/profundiza dentro de la trama Neoliberal. La “Sociedad de Consumo” se conforma desde aquí en el nexo entre régimen económico, sistema cultural y administración política.

Pensando en procesos de estructuración social, se intentará establecer un vínculo entre consumo y política como articulación que habilita indagar los Programas de Transferencias Condicionadas de Ingreso (PTCI) en el marco de -en el caso de Argentina- un modelo económico y político que pone a funcionar variados programas de incentivo al consumo.

Este recorrido será el contexto desde el cual pensar una problemática en particular: Los Programas de Transferencias Condicionadas de Ingreso en América Latina, como políticas anti-cíclicas que devienen en incentivos al consumo. Las programas de asistencia a la pobreza han proliferado en ese formato en la región alcanzando la masividad – para 2011 aproximadamente 129 millones de personas las perciben- con lo que se constituyen como un objeto de indagación de suma relevancia.

Palabras Clave: Consumo, Sociedad, Neoliberalismo, Políticas sociales, PTCI.

 

 

SESSÃO V– CONSUMO, CONSTRUÇÃO DA APARÊNCIA E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO

 

 

FUNK OSTENTAÇÃO: A INCLUSÃO ATRAVÉS DO CONSUMO

Elaine Moura e Silva Oliveira. Mestranda em Ciências Sociais – UNESP; oliveiraelaine2i@igcom.br

 

A periferia agora conta com uma nova trilha sonora, esta visa à alegria, a fruição das sensações e do prazer. Este novo estilo é o funk ostentação, um fenômeno juvenil que tem causado grandes debates e questionamentos. Seu discurso é sobre a sucessagem – sucesso e sacanagem – e sobre uma vida de luxo. Essa nova articulação, luxo e periferia, é o que tem mediado o processo de construção das identidades. Os processos identitários da sociedade de consumo são possibilitados pela aquisição de bens, estes, por sua vez, já vem com a identidade inclusa, como um item de fábrica.

As políticas de distribuição de renda dos dois últimos governos federais – Lula e Dilma – alçaram parcelas oriundas das classes C, D e E a um novo padrão de consumo. Com o aumento do poder aquisitivo desses indivíduos a vida, ainda que de forma aparente, melhorou e o seu discurso modificou-se. O discurso foi do protesto para a celebração, falando sobre carros, motos, bebidas, roupas, joias e mulheres, objetos – sim, a mulher como objeto – que auferem status aos portadores e, em uma sociedade de consumidores em que as figuras que estão em ascensão são a imagem do sucesso, se tornam o espelho dos integrantes dessa cultura. Sempre focando no entretenimento e na festa, o funk se tornou um discurso próprio da sociedade de consumidores, é fluído e efêmero e não interfere em outros aspectos da vida, é o discurso do aqui e agora, propõe a felicidade como fim em si mesma.

Palavras-chave:funk, ostentação, processos identitários, consumo.

 

 

RELAÇÕES ENTRE O GLOBAL E LOCAL: CIRCULAÇÃO E USO DE REFERÊNCIAS DE MODA POR GRUPOS DE BAIXA RENDA

Beatriz Sumaya Malavasi Haddad. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – UNESP; biasumaya@yahoo.com.br

 

A presente pesquisa tem como objeto a moda, considerada um elemento chave para a compreensão da cultura de consumo. Esta é tratada neste trabalho, destituída de crenças embasadas em discursos que legitimam uma estrutura adotada de um centro especifico que se autoproclama a verdadeira moda, e assim abordada a partir de suas principais engrenagens: o efêmero e a valorização da novidade - em um contexto onde os indivíduos utilizam seus corpos como meio estratégico de construção de aparência, realçada pela pratica de management corporal. O principal eixo norteador da discussão é a relação entre o local e o global – ou entre o universal e o particular. Pressupõe-se que os símbolos tornados globais são apropriados e ressignificados de acordo com as realidades locais e nesse contexto a moda torna-se protagonista para se perceber como as tendências universalizantes são incorporadas e/ou ressignificadas em contexto local. Esta discussão foi realizada enfocando grupos de baixa renda, contrapondo-se à concepção que esses indivíduos consomem apenas produtos considerados de primeira necessidade - e estão excluídos do mercado globalizado de bens simbólicos - afastando-se de preconceitos que cercam o campo do consumo popular.

A pesquisa empírica foi realizada em comunidades localizadas no município de Santo André/SP, que compõe o chamado Núcleo Jardim Santo André, constituído por um agrupamento de favelas que, desde a década de 1980, sofre intervenções de órgãos públicos com intuito de urbanizar o local. A pesquisa de campo se deu a partir de observações e entrevistas com os moradores, com o objetivo de avaliar a relação destes com o uso de vestimentas de marcas globalizadas, com produtos considerados da moda, bem como sinalizar as formas de apropriação e ressignificação dos mesmos.

Palavras-chaves: consumo popular; moda; global; local.

 

 

PRÁTICAS DE CONSUMO E A CONSTRUÇÃO DA APARÊNCIA

Felipe Roberto Petenussi. Mestrando ligado ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Universidade Estadual Paulista – UNESP FCL, Araraquara-SP; jpagef@hotmail.com

A abordagem antropológica entende consumo como processo ritual capaz de dar sentido a vida e marcar os significados, sua função é de mediador simbólico. Ativo e presente no cotidiano, o consumo ocupa um papel central como estruturador/estruturante de valores simbólicos que constrói e manipula identidades e regula relações sociais.

A estreita relação entre as culturas de consumo e as mídias - entendidas como mediadoras das relações socioculturais - na contemporaneidade coloca em ação processos de formação de significações simbólicas, a partir das diferentes práticas de consumo. Esses processos produzem “jogos de aparência”, na medida em que permitem a negociação na construção da própria imagem por meio dos usos e consumos referentes a vestimenta, a estilos e, também ao corpo.

Dessa forma, o corpo pode ser entendido como mídia, pois a partir dele é possível circular linguagens e sentidos (simbólicos): A aparência comunica. Pontanto pensar o consumo significa pensar suas possibilidades estéticas.

A aparência, ao tornar visíveis os elementos subjetivos e identitários, torna-se um importante instrumento nas lutas por representação, além de transformar-se em um importante comunicador simbólico nas relações sociais que são tecidas no cotidiano.

Diante destas questões, esta comunicação apresenta parte do trabalho de pesquisa que vem sendo realizado junto a duas instituições de ensino na cidade de Ribeirão Preto - SP - Brasil, envolvendo jovens de 15 a 18 anos, frequentadores do ensino médio. Como principal objetivo, a pesquisa intenta identificar os usos dos bens de consumo como mediadores dos processos de identificação operados por estes jovens.

Palavras-chave: Consumo; Identidade; Corpo; Aparência.

 

 

"VOUCHERS, PERMUTAS" E OUTRAS DÁDIVAS CONTEMPORÂNEAS: UMA PERSPECTIVA ETNOGRÁFICA DAS RELAÇÕES DE TROCA ENTRE MODELOS NO MERCADO DE MODA EM MINAS GERAIS.

 

Prof. Me João Paulo Aprígio Moreira (CEFET-MG). Mestre em História (UFG) e Mestre em Antropologia (UFSCAR) Pesquisador NESPOM – UNESP; absencejp@hotmail.com

 

Esta comunicação procura apresentar relações de troca que constituem a sociabilidade de modelos no mercado de Moda em Minas Gerais. Trata-se de evidenciar a partir de pesquisa etnográfica alguns aspectos  que permitem singularizar temas como a dádiva, a dívida e as trocas, como discutidas por Marcel Mauss em seu texto seminal - "Ensaio sobre a dádiva". Noções como a de reciprocidade e de mercado são atualizadas em função de aspectos culturais, sociais e políticos no mercado de Moda. Mercado este que caracteriza boa parte das relações de consumo na sociedade contemporânea. Nesse sentido, castings, viagens, coquetéis, casamentos, contratos de trabalho e outros aspectos que compõe a produção social desta cultura de consumo serão abordados, evidenciando uma complexa circulação de pessoas, objetos e bens simbólicos que caracterizam o mercado de Moda em Minas Gerais a partir de suas particularidades.

Palavras chaves:  moda, consumo, dádiva, antropologia da moda.

 

 

 

 

SESSÃO VI– MÍDIA, REDES SOCIAIS, NOVAS TECNOLOGIAS

 

CORPOS E EROTISMO: ENCENAÇÕES DE STRIP-TEASE NA INTERNET

 

Dr. Weslei Lopes da Silva – Universidade de Itaúna; wesleilop@gmail.com

 

Esta proposta parte de uma etnografia de doutorado que objetivou analisar como um grupo mulheres articula a experiência de trabalhar no mercado de strip-tease virtual e, especialmente, como percebem e vivenciam o corpo nas interações com os clientes via internet. A partir das noções de incorporação e de performance de gênero, busco refletir como elas ressignificam o corpo, assumem discursos, gestos e práticas, como estilizam o corpo em acordo com a mulher a ser performatizada para atrair e agradar aos clientes e, assim, conquistar maiores lucros nesse mercado. Em outras palavras, busco problematizar como tais mulheres se constroem como web strippers a partir de seu corpo, o que demanda a modificação consecutiva do mesmo, no sentido de estar sempre apropriado à “situação de mercadoria”. Nesse sentido, elas buscam atender às convocações dos padrões estéticos vistos como adequados à sua ocupação por meio de ginástica, dietas e outros procedimentos, e implementar novidades para o mercado de strip-tease, que se referem principalmente em assumir novas disposições corporais, práticas distintas e a incorporação de novas personagens. Mais ainda, pelo que foi possível depreender daquela etnografia, as cenas eróticas construídas pelas web strippers a partir do uso inventivo do corpo, seja em fotos e vídeos como ante a webcam, engendram femininos performáticos que demandam temporariamente a destituição de si mesmas e a composição de uma outra mulher (ou outras mulheres) para os shows.

Palavras-chave: Corpo. Gênero. Pessoa. Performance. Web Strippers.

 

 

“ME CLAVÓ EL VISTO”: LOS JÓVENES Y LAS ESPERAS EN EL AMOR A PARTIR DE LAS NUEVAS TECNOLOGÍAS

 

Maximiliano Marentes (IDAES-UNSAM/IIGG-UBA/CONICET); maximarentes@hotmail.com

Mariana Palumbo (IIGG-FSOC-UBA/CONICET); mrnpalumbo@gmail.com

Martín Boy (CONICET/IIGG-FSOC-UBA/UNPAZ); mgboy_99@yahoo.com

 

Esta ponencia analizará escenas de espera mediadas por las nuevas tecnologías (facebook, whatsapp) en relaciones erótico-afectivas de jóvenes heterosexuales de clase media del Área Metropolitana de Buenos Aires. Se problematizará cómo estas vías de comunicación facilitan la generación de situaciones de espera atravesadas por el (des)control en la propia subjetividad y sobre el sujeto amado.

Utilizaremos la metodología de las escenas como recurso para explorar estas experiencias de espera retomando las perspectivas de Vera Paiva y Filomena Gregori. También apelaremos a una multiplicidad de fuentes (relatos de entrevistas, fragmentos de literatura y canciones) para dar cuenta de la importancia que tiene pensar al amor como un bricolage.

El trabajo se estructurará en tres apartados. En el primero se analizarán las dinámicas y efectos que tienen sobre los sujetos las situaciones de espera vinculadas al amor. En el segundo se reflexionará sobre los vínculos amorosos entre jóvenes. En el tercero se problematizará cómo son experimentadas las escenas de amor y espera durante la juventud.

Esta ponencia se enmarca en el proyecto UBACyT en el que se problematizan situaciones de espera que implican aspectos económicos, afectivos y/o de salud. Este proyecto es dirigido por el Dr. Mario Pecheny y tiene como lugar de trabajo el Instituto de Investigaciones Gino Germani de la Universidad de Buenos Aires.

Palabras clave: Amor – Jóvenes – Esperas – Nuevas tecnologías – Escenas

 

 

CONSTRUÇÃO DE CORPOS NAS RELAÇÕES MEDIADAS POR TECNOLOGIAS: CONEXÕES ENTRE A “MERCANTILIZAÇÃO DA INTIMIDADE” E A “MERCANTILIZAÇÃO DA SUBJETIVIDADE”

Iara Beleli. Doutora em Ciências Sociais/ Coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp – iarabeleli@gmail.com

Em contraste com a era das mídias de massa (rádio e TV), desde a popularização da internet no início do século XXI, as mídias digitais permitem, por vezes incitam, seu público a ter um papel ativo não apenas na comunicação, mas na criação de conteúdo. Como redes horizontais de comunicação, as mídias digitais conferem aos sujeitos a sensação protagonismo. Este paper propõe uma reflexão sobre a construção da corporalidade nas interações on line, perguntando em que medida os corpos são estrategicamente manipulados de modo a não destoar de modelos de beleza que, de forma intertextual, circulam pelas variadas mídias. De um lado, essa manipulação parece nortear subjetividades que se constituem também por meio das novas tecnologias, de outro, apresenta aspectos que se desdobram em interrogações sobre a desestabilização de antigas referências morais no que se refere às diferenças de gênero, articulada a outros marcadores (raça/etnia, geração, sexualidade, classe). A pesquisa foi feita em sites de relacionamento e aplicativos direcionados à busca de parceiras amorosas/afetivas/sexuais com mulheres e homens entre 35 e 55 anos, pertencentes às classes médias e moradores da cidade de São Paulo. A reflexão aqui empreendida presta particular atenção às conexões entre a “mercantilização da intimidade”  e a “mercantilização da subjetividade”, cujos corpos ganham centralidade e são agenciados na busca por parcerias ideiais.

Palavras chaves: Corpo; Relações Mediadas por Tecnologia; Processos de Subjetivação; Cultura de Consumo, Diferenças.

 

BELEZA EM QUALQUER TAMANHO: CONSUMO, REPRESENTAÇÕES DA OBESIDADE E IDENTIDADES EM BLOGS FEMININOS PLUS SIZE

 

Hellen Olympia da Rocha Tavares. UNESP – FCLAr – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais; hellentav@gmail.com

 

Nas sociedades contemporâneas, a saúde e a beleza foram transformadas em objetos de consumo, personificados na magreza e na perfeição corporal, símbolos de sucesso e status social. Nas sociedades de consumo, a magreza está intimamente atrelada à ideia de amoldamento nas diversas áreas da vida social, já o corpo obeso ganha conotação de fracasso e frustração com a própria realidade. O corpo é local incessante para incidência de poder, mas também de resistências. Neste contexto, este trabalho estuda os blogs de temática plus size, que são voltados para mulheres obesas, e sua relação com o mercado de “consumo de beleza”. O consumo é entendido não apenas prática mercadológica, mas também como espaço de estratégias para construção e reconstrução de identidades e identificações sociais. Estes blogs procuram estabelecer a obesidade como atributo identitário positivo, por meio da apresentação do corpo gordo inserido em lógicas do consumo que remetem à beleza e sensualidade. A narrativa nestes blogs busca resignificar o corpo gordo como lugar de possibilidades, e não mais como representação da feiúra e da desvalorização. Nestes espaços virtuais, as mulheres obesas usam as mercadorias para criar vínculos, marcar lugares sociais e reestabelecer distinções. Ao Nestas relações de poder que envolvem o corpo e o consumo existe um enfrentamento constante e infindável, onde não há autonomia plena, tampouco sujeição absoluta dos indivíduos. Ao escolher assumir sua obesidade e sentir orgulho de seu corpo considerado desviante, estas mulheres tentam subverter o assujeitamento de seus corpos através de sua liberdade e autonomia.

Palavras-chave: obesidade, consumo, blog, identidade

 

 

A PARTIR DA ROUPA: A CONEXÃO ENTRE CORPO E CONSUMO NA CONSTITUIÇÃO DA IMAGEM EM REDES SOCIAIS

 

Augusto Ferreira Dantas Júnior - Universidade Federal do Piauí (PPGAArq/UFPI), Piauí, Brasil; meaugustodantasjr@gmail.com

 

O estudo analisa  a relação estabelecida através do uso da roupa e do corpo entre sujeitos que trabalham com a produção de imagem pessoal em veículos de comunicação e redes sociais. Para isso, faz-se necessário compreender quais os significados atribuídos à sua própria imagem, ao corpo como meio de trabalho e a roupa como elemento estruturante do discurso apresentado aos seus respectivos seguidores. Possuindo como cenário a cidade de Teresina, capital do Estado do Piauí (Brasil), onde a figura do instablogger tem adquirido destaque (assim como a produção de moda e estilo local), percebe-se que algumas pessoas se destacam pela utilização dos novos meios de comunicação em massa para estabelecer uma imagem a ser consumida em um processo no qual a roupa não apenas representa o que o individuo deseja ser - ela emerge como agente - e os sujeitos são por meio do seu consumo dotados do poder de influenciar os demais. A legitimação do uso da indumentária entre os integrantes da pesquisa não consiste na transmissão de valores pessoais por meio disso, mas em fazer um “bom uso” do que encontra-se disponível no mercado local de moda, de forma que, por meio da habilidade no uso do próprio corpo, sejam “autorizados” a instruir outras pessoas para uma possível construção de uma boa imagem pessoal. Por meio de um trabalho etnográfico, busca-se compreender a relação entre consumo e o uso do corpo na comunicação.

Palavras-chave: Corpo; Consumo; Moda; Redes Sociais; Etnografia

 

 

O CORPO BIOTECNOLÓGICO SOB A PERSPECTIVA DO INFOENTRETENIMENTO. MEDIAÇÕES E ESTRATÉGIAS DE SENTIDO NAS REVISTAS BRASILEIRAS SUPERINTERESSANTE E GALILEU 

 

Djaine Damiati. Doutoranda em Ciências Sociais na FCLAr – UNESP, bolsista da CAPES e docente do curso de Bacharelado em Design Digital na UNIARA; djainedamiati@gmail.com

 

A partir da década de 1950 começa a tomar vulto na mídia brasileira uma estratégia de produção de sentido resultante do crescente embaralhamento das fronteiras entre informação e entretenimento. A estratégia nomeada por alguns teóricos da comunicação como infoentretenimento, tradução para o neologismo infotainment, proliferou-se por diversos meios, gêneros e formatos, por sua considerada eficácia discursiva e perfeita conjunção com a lógica do consumo e do espetáculo reinante na contemporaneidade, estendendo-se inclusive, ao âmbito da divulgação científica.

No Brasil, as principais representantes do infoentretenimento impresso voltado à área da ciência e tecnologia são as revistas Superinteressante e Galileu que entre outros assuntos, abordam as diferentes incursões da tecnociência sobre o corpo e a saúde a partir da perspectiva do entretenimento. Em outras palavras, nestas revistas as novas descobertas da ciência e da tecnologia recebem tratamento editorial que as aproxima da narrativa ficcional. Como nos contos maravilhosos ou no realismo fantástico e na própria ficção científica, o mistério, o drama e as referências míticas dão uma dimensão quase onírica aos atributos da ciência, além de com a ajuda de outras estratégias linguagem, provocar nos leitores o exercício da projeção e da identificação

Neste trabalho propomos um olhar analítico para os discursos produzidos por estas publicações entre os anos de 2004 e 2014, e as respectivas estratégias de mediação e produção de sentido, utilizadas na construção de uma imagética sobre corpo biotecnológico, desenvolvida com base na naturalização dos ideais liberais e do pensamento cibernético.   

Palavras chave: corpo biotecnológico ; infoentretenimento; mediações; tecnociência